E porque está na moda falar de crise, apetece-me ripostar à crise.

Não pensem os portugueses, que chegou a crise, esta instalou-se no nosso país para ficar há muitos anos. Mas para que se entenda que de crise não vive o homem, eu diria que a crise está na mentalidade portuguesa de querer fazer crer que a vida em crise parece ser a desculpa para os maus hábitos de nós resolvemos adquirir ao longo das últimas décadas.

Sim, sem dúvida que a evolução tecnológica ajudou a que nos tornássemos menos “crentes” e mais consumistas. A internet deu lugar à televisão que era o meio mais interessante de passar o serão. Graúdos e pequenos trocam um bom filme pelas conversas de chat; trocam uma boa conversa de café pelas horas passadas no facebook; trocam um bom passeio à beira-mar por uma leitura do jornal online….tudo se faz online, sentados numa cadeira desconfortável e nada se faz para superar a crise. A produtividade infantil, jovem, adulta e agora até dos reformados, passou a ser uma produtividade virtual.

Não quero com isto deixar de dizer que a internet é algo positivo, sem dúvida que o é, pena nem sempre ser utilizada como tal. Não faço uma crítica a uma “invenção” que veio revolucionar o mundo, mas sim uma crítica aos seus utilizadores.

Não estará na hora de reclamar menos e trabalhar mais? Passo os dias a ouvir reclamar com crise, ouço os telejornais e só noticiam desgraças e crise, mas na verdade este mês de agosto tem demonstrado que a crise é ao longo do ano de trabalho.

Como se justificam os gastos excessivos em viagens de luxo durante uma semana ou quinze dias quando no mês seguinte se chora com a crise? Basta abrir a internet e os hotéis estão esgotados, o Algarve continua a ser escolhido como destino de férias, nem as scuts assustaram os turistas; nem o corte nos subsídios impediu o uso do cartão de crédito; as viagens para o estrangeiro (destinos paradisíacos) não deixaram de existir…e eu pergunto?

Onde está a crise?

Como se justificam as constantes jantaradas em restaurantes gourmet de onde se sai com fome, se no dia seguinte se come uma sande na casa das sandes mais próxima?

Como se justificam os gastos excessivos numa semana de férias, se se pode usufruir de um mês completo?

Pelo que ouço e vejo, o importante é manter o ego e a autoestima bem em cima, nem que após essa semana de sonho não se volte a sair de casa e se troque a praia mais próxima por um sofá encovado, ou se deixe um bom filme de cinema por ver para ver a novela cansativa da TVI; ou se ignorem os amigos e familiares em troca de uma manhã na cama.

Tudo aquilo a que chama de crise, foi criada por cada um de nós.

Hoje não se vê educar uma criança segundo as possibilidades económicas da família, mas sim segundo o ego e o fazer ver aos amigos mais afortunados que mesmo pobre tem direito ao mesmo.

Não estaremos nós a ver uma crise sim de valores? Crise de orientação? Crise de sabedoria?

O que fazer para que o país cresça? Será alimentar a dívida no cartão de crédito porque a resposta é fácil de dar?

Sem dúvida…ouvi, ouço e ouvirei sempre dizer que a vida são dois dias e tem de ser vivida, nem que para isso se tenha de viver em crise a eternidade.

A quem pensa que sou contra férias de sonho, esqueça, adoraria viver umas férias de sonho se a crise não existisse, esta crise que nós, os portugueses ajudamos a construir ao longo das últimas décadas. Ara quem pensa que sou contra férias no estrangeiro, engane-se, pois sou a favor de conhecer o mundo se de facto não existisse a nossa crise que teimamos em alimentar. Para quem pensa que sou contra jantar fora ou usufruir da internet, continua a enganar-se, sou uma das pessoas que apoia a evolução e por isso usa esta vertente tecnológica diariamente…apenas gostaria que cada um refletisse não nestes excessos a que todos nós temos direito e pensasse pelo menos uma vez na vida no que poderá fazer para deixarmos de falar em crise.

Trabalhe em prol do sucesso e este será alcançado.

Rosa Familiar

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publicado por Yaleo às 13:15