“JOSÉ SÓCRATES É UM HOMEM DE CIRCO” Medina Carreira
Mais uma leitura que realizei e me deixou perplexa com a conformidade do nosso país em relação a quem nos governa.
“A economia vai derrotar a democracia de 1976. José Sócrates, é um homem de circo, de espectáculo. Portugal está a ser gerido por medíocres, Guterres, Barroso, Santana Lopes e este, José Sócrates, não perceberam o essencial do problema do país. O desemprego não é um problema, é uma consequência de alguma coisa que não está bem na economia. Já estou enjoado de medidinhas. Já nem sei o que é que isso custo, nem sequer sei se estão a ser aplicadas.”
É sem dúvida um país de medidinhas, lamento que este tipo de política se tenha alargado às Câmaras Municipais e às Juntas de Freguesia, as quais conseguiram aprender a lição circense sem necessitar sequer de ir à escola. Os cursos políticos do século XXI são autênticos mestrados em “palhaçada”.
“A população não vai aguentar daqui a dez anos um Estado social como aquele em que nós estamos a viver. Este que está lá agora, o Sócrates, é um homem de espectáculo, é um homem de circo. Desde a primeira hora. É gente de circo. E prezam o espectáculo porque querem enganar a sociedade. Vocês, comunicação social, o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6». Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias... mas é sem açúcar. Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero, é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!"
Medina é realista, tenta de certa forma alertar o povo, aquele que nada entende política e que é facilmente influenciado pelas “companhias de teatro de rua” em tempo de eleições. Todos temos consciência que o país está em crise, sobretudo psicológica, uma influência negativa vinda de cima, a descrença no governo e até mesmo na Europa, a falta de confiança, a escassa tolerância à pobreza; o medo começa a fazer parte do dia-a-dia de cada família que não sabe o dia de amanhã.
“Ainda há dias eu estava num supermercado, numa “bicha” para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar « 6 x 3 = 18 », contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7... Isto não é ensino... é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa!”
Mais uma realidade da falta de transparência no crescimento, não há crescimento, o ensino anda camuflado pelas Actividades extra-curriculares; pelas “novas” disciplinas no 1º ciclo, as novas oportunidades vieram fazer com que o país tivesse sucesso, todos vão ter o 12º ano sem esforço. Está-se mais preocupado com o aparato público do que com o futuro das gerações. O importante é vir para a comunicação social dizer-se que as crianças têm escola a tempo inteiro, não importa as condições em que a têm. De que nos serve uma nova geração que não é capaz de multiplicar? Caminhamos lado a lado com uma geração que só vai saber subtrair. Está na hora de parar com tanta palhaçada. O ensino começa a desfocar-se, os professores são meros instrumentos do poder. Deixamos a escola autoritária para entrarmos no facilitismo e quando um professor quer ser um pouco mais exigente é criticado. Não passamos pelo meio-termo, avançou-se para o sucesso camuflado, fictício, ilicitamente uma obrigação para a docência. Precisamos de uma verdadeira escola, de onde saiam pessoas, adultos conscientes, trabalhadores...onde o mercado de trabalho se possa orgulhar dos seus funcionários. Qual é a empresa que quer "canalha" mal formada?
“Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1%... esta economia não resiste num país europeu. Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse. Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? P'rá gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim? A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela? Quer dizer, isto está tudo louco?"
Eu nem diria louco, eu diria que Portugal tem vontade de recordar os velhos tempos, estas novas gerações, incluindo a minha que não soube realmente o que foi uma verdadeira ditadura, que não a sofreu na pele com o impacto desejado para perceber o que é a crise do sec XXI. São estas gerações que vão sofrer as consequências de um governo ditatorial. Somos nós os mais jovens que vamos querer emprego e não vamos ter, somos nós que vamos voltar ao pão e à água da fonte.
“Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo for... “
Não tenho qualquer dúvida de que a nossa justiça não funciona para protecção da classe política que é a mais “criminosa” no seio do crime.
“Nós tivemos nos últimos 10 / 12 anos 4 Primeiros-Ministros:
- Um desapareceu;
- O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora;
- O outro foi mandado embora pelo Presidente da República;
- E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim"
O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado. Mas você acredita nesse «considerado bem»? Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia... Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença! De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente. Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleições, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos:
- Prometem aquilo que sabem que não podem."
É lamentável, mas é real, o povo que vota, que é muito pouco, não sabe o que faz, não tem consciência do que escolhe, a mentira é tanta que não há culpados neste processo. Que me importa a mim chorar por ter votado em A ou em B, se na altura fui enganada com palavras bonitas e promessas aliciantes? Isto é quase como te dizerem que vão construir um Centro escolar e que o melhor é não gastares dinheiro na escola velha, sacrificando as crianças a viverem o seu dia a dia em locais perigosos, sem condições absolutamente nenhumas, como excesso de frio, excesso de calor, falta de pavilhões para a ginástica, falta de materiais didácticos, falta de tudo um pouco e no final alegarem que um pouco de água nos terrenos é motivo para se cancelarem as obras. Vivemos no país nas bananas, onde os políticos decidem a vida dos cidadãos sem lhes pedir uma opinião nem dar nenhuma explicação.
“A educação em Portugal é um crime que «lesa-juventude»: Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida àqueles que querem estudar. Mas é inclusiva... O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos? Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira, é um roubo ao ensino e aos professores! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada!”
Medina não diz isto por ser um choque, ele diz a realidade que choca quem se preocupa com o ensino em Portugal. Estamos a trabalhar para estatísticas e não temos voto na matéria. Estamos a transformar a dita “escola inclusiva” numa escola de pseudo-doutores. Sempre houve necessidade de uma escola selectiva; onde a escolha requer no futuro do país. É ser-se consciente quando se acredita na escola dos doutores e na escola dos cursos profissionais. Que andam a fazer alunos que mal sabem escrever o seu nome em turmas com alunos que querem ser médicos, enfermeiros, engenheiros…a perder o seu tempo? Ou terão a percepção de José Sócrates? Com exames ao domingo tudo é possível. É triste, mas real que o nível de exigência desce significativamente devido a esses alunos que andam ali e têm de transitar de ano. Que pensa um aluno que estuda, que trabalha e se preocupa com o seu futuro, quando vê na sua turma um outro que não faz nada e no final transita de ano e acompanha-o até à entrada na Universidade? Reflitam no país que temos.
“A minha opinião desde há muito tempo é: TGV - Não ! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo.” Estamos de acordo.
“Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe... Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria... Esses é que têm interesse, não é o Português! Nós em Portugal sabemos resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios... “
Nem os papagaios se atiram assim para a forca; somos sim um país da treta, onde a realidade é pura ficção. Eu diria que os nossos governantes vêem “meo” em demasia, andam no mundo da lua e mais parecem astronautas à descoberta da Terra do que propriamente terráqueos à descoberta do petróleo. Parecemos baratas tontas à espera que alguém se lembre de nós.
“Receber os prisioneiros de Guantanamo? Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros... Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós! A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos. Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é! Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar? Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a falar de pedir dinheiro emprestado lá fora, pô-lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir..."
Esta é que é realidade que o mero português não conhece, a realidade da crise interna.
“Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia... Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo....Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada"» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo...Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas Isso é descentralizar a «bandalheira».”
Mais um ponto forte de Medina, quando afirma ser contra a autonomia das escolas, concordo plenamente que é uma má opção descentralizar algo que necessita de regras firmes e iguais para todos. Estamos a caminhar para descrença diária do professor em relação ao seu estatuto de educador. Ele perdeu o poder de educar, é apenas um mero transmissor de conhecimentos se o aluno assim o permitir.
“Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12º ano e agora vai seguir Medicina... Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina... Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação... Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice..." É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe”.
Onde anda a justiça social? Para quê esforçar-se tanto para adquirir algo mais? Não é preciso, basta esperar pelas oportunidades.
“Até há cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacíficos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros... Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho... Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem... Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem... No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa.”
E eu pergunto: Afinal em que país é que eu vivo?
"Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sítio. Esta interpenetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas...Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si...Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro... é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade. Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país! Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»... Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito... Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir.”
O português está sequioso de verdade, este tipo de afirmações de Medina, são a nossa realidade quando descemos do governo central para o local, é necessário falar a verdade.
O Português está farto de ser enganado! Todos os dias tem a sensação que é enganado!