Portugal suporta uma crise, grave e duradoura, que é só sua e que só aos Portugueses compete resolver.

Já desperdiçámos um tempo precioso e nada fize­mos para atenuá-la, muito menos para superá-la.

Poderemos empobrecer lentamente até que da Europa só nos reste a geografia. Poderemos fingir que tudo está no bom caminho, mesmo quando sabemos que não está. Poderemos confiar nos acasos, com um optimismo que é apenas uma imensa irresponsabilidade.

Uma coisa, porém, é certa: se não conseguirmos «mudar» o essencial da nossa sociedade, teremos o futuro comprometido.

A economia portuguesa regista uma década tão medíocre que só encontra um paralelo próximo no fim da Monarquia e no princípio da República.

Daqui emergem fenómenos sociais graves, desequi­líbrios financeiros perigosos, desmedidos endividamentos público e externo.

Chegámos à beira do precipício e, se dermos um passo em falso ou tardarmos na reacção, ninguém evitará um enorme sobressalto.”

 É com este excerto de Medina Carreira, que introduzo aquilo a que chamo de pensamento empírico, de quem nada sabe do assunto mas que pensa nele.

Que futuro para Portugal? Ao ler apenas este pequeno excerto, só me resta pensar que nasci na época errada; uns anitos atrás e hoje, quem sabe, não seria primeira-dama, com empregada doméstica a tempo inteiro, carro ministerial e compras feitas pela internetJ.  

O desperdício, no tempo “das vacas gordas” foi um negócio de inteligentes egoístas e desonestos. Todos nós, mesmo aqueles que nada entendem destas coisas, tal como eu, percebem, que já nessa altura Portugal sofria da doença do empobrecimento. Mas o que fez? Enriqueceu uns para empobrecer outros. Na vez de se ter atenuado a crise que se avizinhava, e que os políticos sabiam, não, gastou-se, desperdiçou-se, viajou-se, comprou-se, destruiu-se a economia, foi-se irresponsável, sem transparecer cá para fora o que era a realidade de um país que parecia estar cheio de dinheiro vindo da CEE. Em 1986 quando aderimos a esta Comunidade Económica Europeia, não foi para isto, pelo menos não foi o que o povo pensou vir a acontecer, pelo contrário todos nós achamos que seria a oportunidade de evolução do país. Hoje apenas União Europeia, em que de união não existe nada. Nós aderimos foi ao endividamento público e externo. Era a falsa questão de que podíamos investir à vontade que “ela” pagava tudo. Com o decréscimo vertiginoso, que a economia tem vindo e está a sofrer, só nos resta sermos realistas. Nunca vi Portugal perder tanto como na última década. Tal como Medina nos diz, preparemo-nos para os desequilíbrios sociais, financeiros e para uma guerra interna em que quem vai ganhar são os ricos e poderosos, que cismam em mandar no país.

Os políticos, não passam de “trambiqueiros”, que hoje nos dizem que foram a S. Bento salvar Portugal da banca rota e no outro dia vêm gabar-se do que fizeram e “meter” ao bolso divisas da sua acção. O patriotismo do momento é um falso argumento. Politicamente falando não temos salvação possível. Vivemos desde o 25 de Abril numa corda bamba em que ora governa PS ora governa PSD, os restantes partidos são ornamento que por muito que reclamem, que se excitem como assim foi achincalhada Ana Drago, quanto a mim, com uma falta de educação fenomenal por parte de quem o proferiu, nada é tomado em consideração. Hoje pode-se ser desonesto, mal-educado, despropositado…que nada lhes acontece. Politicamente estamos no salve-se quem poder.

Se é assim com o “grande” poder, que dizer com o “baixo” poder! Analisem o caso mediático da E.B. 1 de Manhouce. Analisem a forma como está a ser conduzida pelos órgãos máximos de orientação, quer educacionais, quer políticos. Pressões psicológicas, ameaças despropositadas quando se ouvem verdades, contornos sendados para que ninguém perceba o que se passa, omissões ao povo... Reparem na obscuridade da situação, da promiscuidade com que se tratam assuntos tão importantes como o futuro da nação, quer ela seja global ou local. Reflictam a forma como se trata o futuro de uma terra. Só quem é cego é que não vê. Manhouce é uma ferida tão grande, que nunca entra nos itens, da ordem dos trabalhos nas reuniões mais importantes. Manhouce virou “cancro” que se evita falar dele, com medo de uma morte súbita. Seria depois necessário dar explicações sobre uma autópsia que iria transparecer a morte provocada, o assassinato premeditado.

Volto à ribalta com várias questões colocadas sem qualquer intuito de insinuação ou mesmo ofensa, apenas com carácter enfatizador e protector dos mais desprotegidos em relação a este caso. Mas afinal o que faz uma directora executiva? O que faz uma Vereadora da Educação? O que faz um presidente da Câmara? O que faz um presidente da Junta? Saberá o povo quais as responsabilidades desta gente toda? Tanta gente e ninguém é capaz de dizer abertamente o que se passa em Arrifana? Chego mesmo a pensar que como docente, se trabalhasse, o que não quer dizer que não venha a acontecer, nesse agrupamento de escolas, já teria sido crucificada por questionar tanto o que não consigo nem ninguém consegue compreender.

Essa pressão psicológica que se incute no povo arrifanense, só os desmotiva, assim como os leva a desistir de uma terra onde não lhes dão atenção, um minuto de antena, um segundo onde possam expor o seu ponto de vista.

Vejo pessoas de grande carácter levarem transferidos os seus filhos para S. João da Madeira por serem “mal tratados” na sua própria terra; ouço comentários de que trabalhar em Arrifana começa a ser sacrificante. Há que reflectir nestas situações e já que dialogando não é possível, eu aconselho a que quando alguém se sentir lesado peça o livro de reclamações e exija responsabilidades. Não nos podemos dar ao luxo de afugentar os Arrifanenses para a terra vizinha, temos sim a responsabilidade de tornar Arrifana numa vila digna de receber gente nova e manter as novas gerações por cá. Não afastem mais o nosso povo da terra.

Fico triste e desiludida com uma Câmara Municipal, que por ter elementos da mesma cor política contra o seu ponto de vista, está a colocar a nossa Junta de Freguesia de lado. O caso Manhouce, está a olho nu, a ser tratado entre Escola/Câmara. Até a Junta de Freguesia, que desta vez se colocou ao lado do povo, já foi colocada de lado, nunca no disseram, mas sinto-o. Se querem fechar Manhouce por “vingança”, assumam-no como pessoas capazes de aguentar com as consequências, pois sabem que a opção Carvalhosa não é de longe a melhor opção, quem conhece todas as escolas de Arrifana por dentro e por fora sabe que Manhouce é uma das melhores, quer em infra-estruturas, quer a nível pedagógico. Esta escola onde fiz a minha 4ª classe em apenas três anos, será sempre “A menina dos olhos do nosso presidente” mesmo que ele agora não o profira. Todas as outras são nossas, são importantes e mais-valias, mas não fechem uma escola só porque vos apetece. A construção do Centro escolar é a pedra no sapato, da Câmara Municipal, está difícil de resolver. Ninguém quer vir a público dar o dito por não dito, pois quanto a mim não irá ser construído e por esse motivo é necessário dar continuidade ao trabalho no Bairro com apenas 2 salas.

Façam como “Farinheiro” – em que o presidente, homem de palavra disse, que enquanto fosse presidente a escola não fecharia, mesmo sendo uma das contempladas para encerramento. É a mensagem que anda de boca em boca.

Uma última referência como docente e sobretudo como cidadã. Deixem os professores terem a oportunidade de realizar um bom trabalho, com turmas únicas, pequenas e com condições pedagógicas para acordarem e querem muito sorrir logo pela manhã. A crise não pode nem deve ser motivo para prejudicar um futuro. Pelo país fora, só ouvimos falar de crise, vamos falar dos sucessos que os professores têm conseguido, mesmo sendo mal tratados a toda a hora.

publicado por Yaleo às 21:09