E.B.1 de Manhouce não é problema

Numa breve análise, que poderá vir a ser aprofundada, deixo uma reflexão rápida do meu ponto de vista sobre o assunto Manhouce.

Segundo consulta feita ao GEP – Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação; no site do Ministério da Educação, o ponto da situação da Carta Educativa em Santa Maria da Feira está Homologada. Até aqui não existem dúvidas. Nessa Carta está preconizado a construção de um Centro Educativa em Arrifana. Até aqui também não há dúvidas. O terreno e o dinheiro estão resolvidos, segundo o nosso deputado Dr. Amadeu Albergaria; o valor para a sua construção existe, faltava o terreno que também já existe. O Centro escolar, vai ser construído no Bairro. Até aqui nenhuma dúvida.

Afinal onde existem as dúvidas?

Após a surpresa feita pela sindicalista Sofia Monteiro, que visitou a Ministra da Educação, Isabel Alçada, que se encontrava em Trancoso juntamente com o primeiro-ministro, José Sócrates, para mais uma inauguração, tudo parece mudar de figura. Aí entregou-lhe as reais preocupações existentes no Distrito da Guarda, transcritas num documento, onde o Governo quer encerrar 40% das escolas do 1º ciclo.

Em Trancoso o novo bloco da escola básica integrada da cidade, já é uma realidade. Um edifício, equipado com 12 salas, tem capacidade para 200 alunos e entrará em funcionamento no próximo ano lectivo. Uns têm mais direitos que outros, ou será que uns esforçam-se mais que outros para alcançarem os seus objectivos? Sofia Monteiro, não desiste e deixou a seguinte mensagem à Ministra da Educação:

"Tenha em consideração as reais necessidades das comunidades educativas e a melhor oferta educativa para as crianças".

Na resposta, a ministra da Educação observou que no processo de encerramento de escolas com menos de 21 alunos o Governo irá "ter em conta a realidade, os estudos que são feitos e todo o trabalho técnico que tem sido feito com as Câmaras". "Vamos ter em consideração todas as manifestações de opinião que nos chegarem", prometeu Isabel Alçada.

Como podem constatar o problema de Arrifana não está no Ministério da Educação, esse está receptivo às preocupações da população, às reais necessidades das terras e principalmente crédulo em relação ao trabalho efectuado pelas autarquias, ingenuidade mas nem tanto. Analisando a situação do distrito de Braga onde a Ministra se mostrou com uma abertura significativa, não entendo qual a necessidade de “guerras” em Arrifana. Basta haver diálogo entre as partes e tenho certeza que o ano lectivo 2010/2011 irá iniciar-se com tranquilidade.

Como deve ser do conhecimento de muitos a oposição não está a favor deste encerramento de escolas abruptamente, é um atentado à Educação aquilo que tem sido preconizado nos últimos tempos.

“Heloísa Apolónia, dos Verdes, acusou o Governo de ter escolhido o sector da Educação para "poupar uns bons milhões".” Eu diria que não só para poupar como para destruir a Educação definitivamente, no entanto a ministra mostra abertura. As condições em que o 1º ciclo trabalha em Portugal já é degradante na maioria dos estabelecimentos de ensino e agora querem unicamente encerrar, encerrar sem haver lógica nas atitudes tomadas pelos responsáveis. Não culpo o Ministério de Educação, mas sim o “baixo sistema” que com a descentralização de poderes quis fazer parecer que o poder é um todo. Os agrupamentos têm autonomia e não podem usufruir de uma ditadura despótica. Vamos realçar o diálogo e resolver os problemas ouvindo todos.

Onde estão as opiniões dos Encarregados de Educação?

Onde estão as opiniões dos Docentes?

Onde estão as opiniões das autarquias?

Nada vem a público, em Portugal uns decidem e os outros cumprem, não há democracia, a opinião foi vedada ao cidadão. Continuamos a debater o mesmo problema de falta de cidadania.

Transportando este caso isolado para Arrifana, tenho a dizer que me sinto “pequenina” ao ler e ouvir comentários que mais parecem preconceitos de estatuto. Fico infundida neste assunto que não posso deixar de falar nele. Como docente nem quero acreditar no que tenho lido e ouvido.

Manhouce, é um caso polémico, que vem de há quatro anos atrás, onde o seu encerramento era ponto assente. Os pais não aceitaram, e têm toda a legitimidade para “oferecer” a sua opinião, coisa que pelo que li, nem sequer foi tida em conta. Deram o ser parecer junto do CAE, ofereceram os seus serviços para ajudar na distribuição dos alunos, fizeram tudo o que estava ao seu alcance e só com “guerra” conseguiram vencer a batalha. Há aqui algo que não é pedagógico.

Lamento que após quatro anos, seja necessário haver mais “guerra” nesta terra de paz, de gente humilde e capaz de engrandecer a freguesia com tantas coisas boas que tem. Em conversa informal, ouvi afirmações que me deixaram incrédula. Ouvi e li comentário que a Directora do Agrupamento de Arrifana, reuniu com os seus funcionários e os proibiu de falar sobre o assunto. Mas qual assunto? Afinal para que são os funcionários aqui chamados? Porque têm de ser calados? Parece-me que Arrifana não tem um agrupamento, mas sim uma Assembleia da República onde se manda calar qualquer um. Estamos num país livre, onde a liberdade de expressão é um valor adquirido e se isto é verdade é muito grave. Espero sinceramente que não o seja. Ouvi ainda dizerem que reuniu com as Associações de Pais e autarquia, simplesmente para dar a conhecer a sua decisão. E aqui eu pergunto para me esclarecer:

Quem tomou a decisão de encerrar a E.B.1 de Manhouce? Foi a Directora do Agrupamento? Esta escola insere-se nos critérios do Ministério? Ou seja tem menos de 21 alunos? Não usufrui de condições para estar a funcionar? Se assim for, porque esteve aberta estes últimos 4 anos?

Li ainda que existe um grande problema, a falta de existência de um código na referida escola. Afinal isso é problema? Costumo dizer que algo que não tem solução não é problema. O código é um simples número que pelos vistos durante quatro anos não fez diferença nenhuma, será que o faz agora?

Não estarão todos, quando digo todos, refiro-me a Agrupamento, pais e encarregados de educação, professores, auxiliares e autarquia a fazer disto um poço de problemas onde eles não existem?

O Ministério da Educação quer encerrar escolas com menos de 21 alunos, logo Arrifana não encerra nenhuma. No Bairro será construído o Centro Escolar e as restantes funcionarão normalmente até que este esteja concluído. Onde está o problema?

Ao ler o Terras da Feira deparei-me com mais uma situação que nos leva à conclusão do problema - Arrifana – O Centro Escolar será construído, ou Alfredo Henrique mente.

“O saneamento e os centros escolares estão para a Câmara da Feira como o TGV está para o Governo de José Sócrates. São obras de que o executivo de Alfredo Henriques não abdica no plano que está a equacionar internamente para fazer face ao quadro de restrições a que as autarquias estão sujeitas pela diminuição das receitas das taxas e licenças e das próprias transferências da Administração Central.” Terras da Feira

Como devem calcular não é só Arrifana que tem problemas neste concelho. Ainda hoje, 7 de Junho podemos ler as palavras proferidas por Amaro Araújo, Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver. Isto parece-me um problema de concelho.

"Tanto tempo de espera" Em relação ao atraso do Centro Escolar de S. João de Ver, sobra uma convicção. "Não é por falta de terrenos, que foram libertos em tempo oportuno. Seguiu-se uma segunda alternativa. É só começar, desde que haja vontade em avançar com a obra. A verdade é que o centro nunca mais estará pronto em Setembro, como foi prometido. Vejo os pais preocupados, porque assistiram ao lançamento da primeira pedra e o atraso é significativo. É certo que houve um lençol freático que surgiu de forma inesperada, para as pessoas que não o conheciam, mas isso não justifica tudo e é muito tempo já de espera", sentencia, em tom crítico”.

Como podem ver Santa Maria da Feira precisa sentar-se à mesa, organizar as suas ideias e trabalhar em prol do desenvolvimento do concelho. Sei o que é trabalhar com poucas condições, sei o que são as preocupações do pais e sei o quanto é importante a chegada dos Centros escolares, onde o avanço se instala em cada terra que o inaugura. Não podemos ficar parados no tempo. Não quero ver o concelho com escolas simplesmente no tempo do giz e outras usando as novas tecnologias e tendo ao seu alcance, um futuro mais risonho.

publicado por Yaleo às 19:51